Freedom is not worth if it does not include the freedom to make mistakes
Mahatma Gandhi (1869 - 1948)
No man is wise enough by himself
Titus Maccius Plautus (254 BC - 184 BC)
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Nós, os políticos e a sustentabilidade

De tempos a tempos, surge quase que a rebate da consciência, a vontade de mexer em interesses instaladas e a realizar as reformas prometidas, quase que já diagnosticadas em surdina, mas que a fé da sua própria concretização, esbarra com a quase certeza de que não podem, nem as deixam acontecer.
A vontade política, essa, alinha-se sempre do lado do possível e realizar num espaço de compromissos e de interesses imediatos e complexos, tal como a emergência de uma sociedade que está em mudança e em colisão frontal com práticas e zonas de conforto que já não o são.
Cada vez mais, são crescentes os indícios de que a sustentabilidade económica e social de quase tudo está em causa e aqueles que se julgam a salvo, mais parecem estar em negação do que convencidos que anteriores estratégicas e conhecimento os retira destes novos perigos.
Nesse doce espaço de conforto que é o de equilíbrio económico e a estabilidade social é possível repartir qualidade de vida e, mesmo assim, criar escalas de valor para os diferentes atores.  Desconfio que já não será assim e parece ser quase evidente a necessidade de mudar a estrutura de um Estado que já consome não apenas o que projeta, mas mais, muito mais, do que seria adequado até para o seu conforto.
Neste espaço atual que vivemos, estranho é dizer que a vontade política e a luta partidária está tão distante da ideia de que liderar é um serviço, da existência de um bem público e dos valores de partilha, colaboração e sociedade que, temo, teremos mesmo que reiniciar processos e retornar para os clássicos para recuperar a razão
Tal como os banqueiros, os professores e os políticos (entre muitos outros), os conselhos da sua (nossa) ignorância são os mais básicos e aqueles que, já agora, não justificam a sua existência e muito menos tornam o nosso tempo, um tempo sustentável
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A austeridade e Portugal

A propósito do artigo recente no New York Times (Portuguese Just Shrug and Go On in the Face of Cuts and Job Losses) Confesso que a resiliência de que nos gabam me parece tanto uma qualidade como um defeito e um potencial risco. ...à falta de investimento em capital humano, como referem, precisamos de diminuir salários... Paradoxalmente, no mesmo artigo, é feita uma referência à sabedoria da sociedade portuguesa, ao saber aguardar de forma serena e à nossa (mundialmente famosa) resignação (dos humildes)... A adaptação a condições extremas do ajuste que estamos a sentir já está a produzir resultados macro (isto é, o país, como um todo, apresenta números melhores). No entanto, a nível micro (isto é, cada um de nós e as empresas) está num arco de esforço e muito perto da linha de quebra. Uma boa imagem é a do fenómeno dos sismos: o problema não é que ocorram regularmente, isso até é bom; o problema é se não são muito habituais, quando ocorrem podem ter uma magnitude que provoca mudança e impacto (eufemismo sereno, claro). Impostos demasiadamente elevados e injustos, desequilíbrio nos sacrifícios, justiça arbitrária, um excessivo estado securitário, uma previsível quebra de emprego em Setembro, um não elevado sentido de estado pelas nossas figuras públicas, podem levar a ponto de não retorno. Precisamos de serenidade, mas também de bom senso e comunicação por parte de todos os que possuem responsabilidades (e somos todos nós, mas em especial as figuras públicas e, em primeiro caso, as figuras de estado e os políticos). ... é que os tempos das grandes mudanças estão aí e também para a europa - afinal, sempre estamos no centro do mundo!
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Acho que não vou calar...

Um dos maiores que poderemos considerar, para a nossa soberania e para o nosso crescimento e autonomia económica é o da necessidade de uma política de família, apoiando o crescimento e renovação demográfica (por via concreta e directa, com enquadramento fiscal e de contexto logística para que tal seja possível).

A pirâmide de idades actuais em Portugal deixa tudo ainda mais difícil e é um dos países onde o impacto do envelhecimento é maior, o que induz ainda maiores dificuldades ao crescimento económico.

A não existência de população em quantidade implica a sua menor probabilidade de activos de qualidade e, pior, da perca de transmissão da identidade cultural entre gerações, normalmente promovida pelo contacto entre avós e netos e os tradicionais almoços semanais familiares em torno de pais e irmãos - esse legado é importante e também em risco por factores crescentes de pressão para a mobilidade a que se acrescentam uma não protecção da família e do número de filhos que se podem ter.



Na educação, os gastos são quase que sempre a multiplicar pelo número de filhos, desde os custos associados com o serviço até ao gasto em livros e demais suportes ao processo. Acresce a difícil integração de diferentes níveis que leva muitas vezes a um processo pouco saudável e de grande impacto público para os pais e para a sociedade que é o transporte e circuito de leva e traz associado com as actividades dos filhos.



Na estabilidade, que por provocar descontinuidades pela dimensão da população não permite um planeamento progressivo e continuado de serviços públicos, levando também aqui a perdas importantes de competência. Essa competência não carregada de forma continuada leva a que se perca a capacidade de renovação, de treino e até mesmo de profissionais que mudam de actividade e tem mais tarde de ser reiniciado um novo ciclo de competências - tal como acontece em muitos sectores da nossa agricultura e da indústria

Até no impacte económico fazer cá dentro que, sem as pessoas não temos a dimensão crítia para o fazer (essa dimensão é de quantidade, mas também de qualidade e de diversidade).

Por último, será óbvio que o memorando NÃO É um programa de governo, mas sim uma baliza de actuação, LOGO um programa de governo é um acto de soberania...

Fica também demonstrado pelas taxas de juro que nos foram impostas que o FMI está mais interessado na soberania do Estado Português do que os europeus que se centram na questão do euro e da Europa, sem demonstrar muito respeito pelo nosso país - se calhar, porque não nos damos mesmo ao respeito.
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3 questões sobre redes sociais

1 – O que pode explicar o facto de os portugueses serem tão adeptos das redes sociais?

A popularidade nacional das redes sociais está em linha com fenómenos como a adopção de telemóveis e o uso intensivo de sms que também é relevante no nosso contexto. As redes sociais na Internet possuem um encanto de modernidade e de proximidade a círculos de relacionamentos mais abertos que os peritidos em presença física, pelas normais restrições logísticas (de deslocação e tempo) e pelos custos associados (quer económicos, talvez os mais óbvios, mas também de tempo).

Adicionalmente, a novidade, o imediato e a facilidade de utilização (principalmente do Facebook) tornaram ainda mais as redes sociais como uma aplicação social e de moda.


2- Considera que estas relações virtuais podem por em causa as relações cara-a-cara?

Pessoalmente duvido que as substituam, mas claramente que as irão transformar.
Por um lado, torna o contacto presencial mais importante e restrito. A transformação vai no sentido de tornar especial as relações presenciais e de as complementar com uma proximidade maior por meio do digital. Por outro lado, a capacidade de gerir uma escala que até à bem pouco não seria humana de conhecidos, amigos e relacionamentos , aumentou e muito. Também aí, as consequências serão grandes e necessitamos de nos adaptar a gerir o tempo e a atenção de uma outra forma - aspectos cruciais para uma vida de conforto moderna.


3 – Que desafios futuros se colocam na utilização das redes sociais?

Precisamente gerir e tornar sustentáveis os múltiplos relacionamentos quer na escala quer nas solicitações que originam.
Por outro lado, garantir níveis de privacidade e de protecção do indivíduo serão aspectos em que teremos de investir mais de nós, enquanto indivíduos, grupos e nós de uma rede de relacionamentos que cresce exponencialmente e se torna mais complexa.

Muito dos aspectos associados com o impacte das redes sociais na forma como aprendemos, nos divertimos e trabalhamos, estão ainda por entender e, ainda mais longe, perceber o seu verdadeiro impacte.


Recentemente, escrevi um artigo relacionado com o tema da Web social que pode ser obtido em http://homepage.ufp.pt/~lmbg/com/mediasocial_lmbg10_final.pdf
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Uma das mensagens de Pessoa

Fernando Pessoa (Lisboa, 13 de Junho de 1888 - Lisboa, 30 de Novembro de 1935)
Gosto do texto, é forte e sentido, como quem sabe que a vida é para ser vivida e por vezes demasiado sentida :-)

Posso ter defeitos, viver ansioso e ficar irritado algumas vezes, mas não esqueço de que minha vida é a maior empresa do mundo.

E que posso evitar que ela vá à falência.
Ser feliz é reconhecer que vale a pena viver apesar de todos os desafios, incompreensões e períodos de crise. Ser feliz é deixar de ser vítima dos problemas e
se tornar um autor da própria história.

É atravessar desertos fora de si, mas ser capaz de encontrar um oásis no recôndito da sua alma.

É agradecer a Deus a cada manhã pelo milagre da vida.
Ser feliz é não ter medo dos próprios sentimentos.
É saber falar de si mesmo.
É ter coragem para ouvir um 'não'.
É ter segurança para receber uma crítica, mesmo que injusta.

Pedras no caminho?
Guardo todas, um dia vou construir um castelo...

(Fernando Pessoa)
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O Euro, a sua relação com o dólar e os impostos...

Na sequência de outros posts aqui colocados sobre este tema tão quente e que nos é tão próximo, recebi por email (obrigado Carmona!) mais uma estória que não resisto a partilhar.


Este texto põe em evidência o esforço que é para Portugal "carregar" o euro como moeda e, de certa forma, o seu custo de o fazer, quando começamos a comparar preços e nível de vida (aviso, apesar de tudo, as proporções não estão correctas, embora a paridade dólar/euro, possa ajudar a manter distâncias, que de facto existem). Aí vai!


Como seria útil e transparente, um serviço público europeu que agregasse num mesmo site informação de referência sobre custos associados com a qualidade de vida em cada um dos seus Estados membros, de forma a permitir a comparação de custos de referência - uma primeira medida para a real sustentação do Euro e para a Europa social tantas vezes apregoada.


"Nós, portugueses, somos pobres?!!?


Estava há dias a falar com um amigo meu nova-iorquino que conhece bem Portugal.

Dizia-lhe eu à boa maneira do “coitadinho” português:

- Sabes, nós os portugueses, somos pobres ...

Esta foi a sua resposta:

- Como podes tu dizer que sois pobres, quando sois capazes de pagar por um litro de gasolina, mais do triplo do que pago eu?

Quando vos dais ao luxo de pagar tarifas de electricidade e de telemóvel 80 % mais caras do que nos custam a nós nos EUA?

Como podes tu dizer que sois pobres quando pagais comissões bancárias por serviços e por cartas de crédito ao triplo que nós pagamos nos EUA?

Ou quando podem pagar por um carro que a mim me custa 12.000 US Dólares (8.320 EUROS) e vocês pagam mais de 20.000 EUROS, pelo mesmo carro? Podem dar mais de 11.640 EUROS de presente ao vosso governo do que nós ao nosso.

Nós é que somos pobres: por exemplo em New York o Governo Estatal, tendo em conta a precária situação financeira dos seus habitantes cobra somente 2 % de IVA, mais 4% que é o imposto Federal, isto é 6%, nada comparado com os 20% dos ricos que vivem em Portugal. E contentes com estes 20%, pagais ainda impostos municipais.

Além disso, são vocês que têm "impostos de luxo" como são os impostos na gasolina e no gás, álcool, cigarros, cerveja, vinhos etc., que faz com que esses produtos cheguem em certos casos até 300 % do valor original, e outros como imposto sobre a renda, impostos nos salários, impostos sobre automóveis novos, sobre bens pessoais, sobre bens das empresas, de circulação automóvel.

Um Banco privado vai à falência e vocês que não têm nada com isso pagam, outro, uma espécie de casino, o vosso Banco Privado quebra, e vocês protegem-no com o dinheiro que enviam para o Estado.E vocês pagam ao vosso Governador do Banco de Portugal, um vencimento anual que é quase 3 vezes mais que o do Governador do Banco Federal dos EUA...

Um país que é capaz de cobrar o Imposto sobre Ganhos por adiantado e Bens pessoais mediante retenções, necessariamente tem de nadar na abundância, porque considera que os negócios da Nação e de todos os seus habitantes sempre terão ganhos apesar dos assaltos, do saque fiscal, da corrupção dos seus governantes e dos seus autarcas. Um país capaz de pagar salários irreais aos seus funcionários de estado e da iniciativa privada.

Os pobres somos nós, os que vivemos nos USA e que não pagamos impostos sobre a renda se ganhamos menos de 3.000 dólares ao mês por pessoa, isto é mais ou menos os vossos 2.080 €uros. Vocês podem pagar impostos do lixo, sobre o consumo da água, do gás e da electricidade. Aí pagam segurança privada nos Bancos, urbanizações, municipais, enquanto nós como somos pobres nos conformamos com a segurança pública.

Vocês enviam os filhos para colégios privados, enquanto nós aqui nos EUA as escolas públicas emprestam os livros aos nossos filhos prevendo que não os podemos comprar.

Vocês não são pobres, gastam é muito mal o vosso dinheiro.

(...)"
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