(também colocado no blogue http://lmbg.blogspot.com)
A pergunta do título seria mais justa de substituir por algo do género: uma crítica caustica ao uso da progressividade dos impostos (talvez, também, ainda mais pedagógico!).
Recebi por email (obrigado, A. A. Ribeiro!) esta verdadeira obra de arte sobre os nossos tempos e que pode constituir um caso de estudo para aulas de Ciência Política. Claro que pessoalmente bem que gostaria de ter essa esperança, de ser objecto de reflexão por quem de direito.
Um professor de Economia, que nunca tinha reprovado ninguém, reprovou numa ocasião uma turma inteira. Tal aconteceu porque a turma insistia que o socialismo era praticável e que através da simples cooperação tendo em vista um bem comum, se obteria um resultado mais igualitário e justo do que aquele que se obtinha através dos mecanismos de competição e emulação.
Ou seja, sustentava a turma que uma redistribuição do esforço de trabalho como a preconizada pelo socialismo era mais eficaz e justa que a proposta pela visão tradicional associada com o capitalismo.
O professor argumentou em vão pelo que, já em desespero, propôs a seguinte experiência: fariam os testes habituais, e a nota atribuída a cada um seria a média da turma. Os alunos aceitaram de imediato.
Todos tinham agora um objectivo comum e o resultado não poderia deixar de ser igualitário e justo.
No 1º teste, a média foi 15.
E aqui começaram os problemas. Aqueles que tinham estudado e a quem o teste tinha corrido bem, e que legitimamente podiam esperar um19 ou um 20, ficaram a remoer o desagrado.
Aqueles que nem sequer tinham pegado no livro, resplandeciam de felicidade e louvavam o socialismo. E a verdade é que se provava que todos passavam e com uma boa nota.
No 2º teste os que antes tinham estudado e feito bons testes, entenderam naturalmente que não necessitavam de se esforçar tanto. Já que iam ter 15 no máximo, escusavam de se matar a estudar. Os que antes não tinham pegado nos livros, mantiveram as mesmas opções. Não era necessário, a boa nota estava garantida.
Como é evidente, a média baixou para 11 e aí já ninguém ficou especialmente satisfeito. No teste seguinte a média foi 8. Instalou-se a desavença, fizeram-se acusações de sabotagem, de egoísmo, de falta de solidariedade, num clima generalizado de atribuição e descarte de culpa.
O resultado foi que ninguém mais queria estudar para não beneficiar os outros. E a turma reprovou.
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Se se pretender concluir algo, certamente será que, com o passar do tempo, sem recompensas individuais, não há incentivos duradouros ao esforço. Tirar aos que se esforçam para dar aos que não se mexem conduz, mais tarde ou mais cedo, à discórdia e ao fracasso, porque quando metade de um grupo interioriza a ideia de que que não precisa trabalhar, pois a outra metade irá sustentá-la, e quando esta outra metade entende que não vale mais a pena trabalhar para sustentar a primeira metade, então chegamos ao começo do fim .
Pessoalmente penso que será óbvio que os mecanismos de coexão e de redistribuição de riqueza tem que existir, tanto mais que mercados perfeitos não existem. No entanto, com a passagem de tempo (que pode ser maior ou menor, consoante o contexto), mecanismos e medidas que não sejam entendidas como originadas num esforço justo comum, como as anteriormente relatdas constituem excelentes desmobilizadores de produção de riqueza pelo trabalho (claro que é apenas uma das vias, mas aquela que deveria ser a mais considerada... e é a mais equalitária... e parodoxalmente a mais socialista).
Curiosamente, existe quem vislumbre que o sistema de impostos progressivos que possui uma aparente justiça, também se traduz por enviar a cada indivíduo uma mensagem que pagará mais por trabalhar mais - e neste caso, considera-se trabalho com sentido físico em que a força (de trabalho) está sujeita a deslocação (de valor). Nesse sentido, tanto o sistema de impostos progressivos como a inflação de subsídios e subvenções sociais, podem ser tomados como uma perspectiva ou visão redutora do socialismo? Parece que do incentivo ao trabalho o são...
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